speakerNOVO!iShredder™ Empresarial para iOS e Android agora está disponível para usuários corporativos.Saiba mais

Ataques à Cadeia de Suprimentos: o que são e como se proteger

Ataques à Cadeia de Suprimentos: o que são e como se proteger
Junho 11, 2025

Imagine realizar uma atualização de software na qual você confia plenamente — afinal, vem de um fornecedor de reputação sólida. No entanto, em vez de oferecer correções de segurança, a atualização traz uma “porta dos fundos” digital que abre seus sistemas para cibercriminosos. O que parece um enredo de filme de Hollywood se tornou uma realidade inegável:
Isso aconteceu no famoso ataque à SolarWinds em 2020, que comprometeu milhares de organizações e até mesmo agências governamentais, e mais recentemente em 2023 com a 3CX, quando um aplicativo manipulado colocou em risco centenas de milhares de usuários.

Esses chamados ataques à cadeia de suprimentos não atacam diretamente grandes corporações ou entidades governamentais; em vez disso, miram elos menores e muitas vezes menos protegidos dentro da cadeia. Basta que um único prestador de serviços seja comprometido ou que um módulo de software seja infectado para desencadear uma reação em cadeia que, no pior dos cenários, pode paralisar setores inteiros. Exemplos dramáticos como o Stuxnet (que visou instalações nucleares iranianas) ou o ataque hacker à grande varejista norte-americana Target demonstram claramente que ninguém está imune: mesmo redes altamente protegidas podem ser invadidas caso um fornecedor ou componente externo seja manipulado.

Mas como esses ataques realmente funcionam, escondidos por trás de atualizações aparentemente inofensivas? Por que são tão difíceis de detectar — e ainda mais de combater? E, acima de tudo, quais medidas você pode tomar, seja como empresa ou como usuário particular experiente, para se proteger desse vetor de ataque extremamente perigoso? Neste artigo, fornecemos uma visão geral de como esses ataques ocorrem, apresentamos alguns dos exemplos mais conhecidos e destacamos as contramedidas mais eficazes. Além disso, explicamos em detalhes como funciona o Supply Chain Risk Management (SCRM) da Protectstar e como nossos processos rigorosos impedem que malwares sejam introduzidos durante o desenvolvimento sem que ninguém perceba.

1. O que é um ataque à cadeia de suprimentos?

Um ataque à cadeia de suprimentos (em inglês, supply chain attack) é um tipo de ataque cibernético no qual criminosos não atacam o alvo principal de forma direta, mas sim utilizam um caminho indireto por meio de terceiros, fornecedores ou componentes de software externos. Essa abordagem indireta tem um motivo simples: grandes organizações e empresas geralmente contam com medidas de segurança avançadas, de modo que um “ataque frontal” seria caro e arriscado. Por outro lado, fornecedores menores ou prestadores de serviço externos costumam ter mecanismos de segurança menos complexos, tornando-se, assim, um ponto de entrada relativamente fácil.

Como funciona?

Um cenário clássico se dá quando hackers comprometem o software de um fornecedor confiável inserindo código malicioso em uma atualização legítima. Os clientes instalam a atualização acreditando ser inofensiva. Uma vez instalada, os invasores obtêm acesso aos sistemas das vítimas sem serem notados. Dessa forma, potencialmente dezenas de milhares de dispositivos ou redes podem ser infectados ao mesmo tempo. Um exemplo particularmente conhecido é o ataque à SolarWinds em 2020.

Por que essa abordagem?

O caminho de menor resistência: Tentar invadir diretamente redes altamente protegidas de grandes corporações ou agências governamentais geralmente envolve múltiplos firewalls, sistemas de prevenção de intrusão e equipes de segurança especializadas. É muito mais fácil atacar um fornecedor ou prestador de TI menor, que embora tenha acesso regular aos sistemas-alvo, conta com protocolos de segurança menos rigorosos. Estatísticas reforçam esse ponto: de acordo com um estudo da Verizon, 92% dos ataques cibernéticos bem-sucedidos ocorrem em empresas menores, que acabam servindo como trampolim para o verdadeiro alvo.

2. Exemplos notáveis de ataques à cadeia de suprimentos

A seguir, apresentamos alguns dos ataques mais relevantes à cadeia de suprimentos. Esses exemplos mostram que qualquer setor ou tecnologia pode ser afetado: desde redes corporativas comuns até sistemas industriais especializados e aplicativos populares para o consumidor final.

SolarWinds (2020)

O ataque à SolarWinds é considerado um dos mais graves ataques à cadeia de suprimentos dos últimos anos:

  • Contexto: A SolarWinds é uma empresa norte-americana de serviços de TI conhecida, entre outras coisas, pelo software de gerenciamento de rede Orion. Agências governamentais, grandes corporações e provedores de serviços gerenciados (MSPs) em todo o mundo confiam nos produtos da SolarWinds para monitorar suas infraestruturas de TI.
  • Método de ataque: Os invasores — possivelmente um grupo de hackers russo referido por muitos especialistas em segurança como “Cozy Bear” (APT29) — se infiltraram no ambiente de compilação da SolarWinds. Ali, injetaram o código malicioso “SUNBURST” diretamente nas atualizações do Orion. Como essas atualizações eram oficialmente assinadas, os clientes não viam diferenças em relação às atualizações regulares.
  • Linha do tempo: É provável que a violação tenha começado na primavera de 2020. As atualizações infectadas foram distribuídas a partir de março de 2020, sendo descobertas apenas em dezembro do mesmo ano, quando a empresa de cibersegurança FireEye levantou suspeitas.
  • Exploração: A porta dos fundos “SUNBURST” permitia aos hackers roubar dados e implantar malware adicional. Como o malware era oficialmente assinado, passou despercebido por meses.
  • Alcance: Cerca de 18.000 clientes — entre eles várias agências governamentais dos EUA (por exemplo, o Departamento do Tesouro e o Departamento de Comércio) e corporações multinacionais — poderiam ter sido afetados. Na prática, os invasores possivelmente exploraram apenas uma fração desses pontos de acesso, dificultando a avaliação completa dos danos.

Consequências:

  • Repercussões políticas: O governo dos EUA respondeu com novas diretrizes de desenvolvimento de software e intensificou a colaboração com empresas de segurança privadas.
  • Perda de confiança: A SolarWinds sofreu grandes prejuízos de imagem e enfrentou repercussões jurídicas. Diversas empresas repensaram seus processos de atualização e de cadeia de suprimentos.

Este incidente mostrou de forma contundente como a exploração mal-intencionada de uma infraestrutura de atualização pode ser devastadora. Em um curto período, o comprometimento de um único fornecedor desencadeou uma crise global de segurança.

3CX (2023)

Em março de 2023, a 3CX, provedora de soluções de VoIP e UC, foi vítima de um ataque em grande escala à cadeia de suprimentos:

  • Contexto: O software da 3CX é usado em inúmeros setores, oferecendo soluções de comunicação flexíveis. Seus aplicativos de desktop para Windows e macOS são especialmente difundidos.
  • Comprometimento do aplicativo de desktop: Os invasores conseguiram manipular o processo de instalação da 3CX. Durante a instalação, um trojan era carregado de forma discreta, criando um canal de troca de dados com um servidor de comando e controle (C2) externo.
  • Possível precursora: Investigações de várias equipes de segurança (incluindo a CrowdStrike) apontam para um “ataque duplo à cadeia de suprimentos” — ou seja, os invasores já teriam comprometido outro software antes e, a partir disso, infiltraram-se na 3CX.
  • Suspeita de autoria: Especialistas do setor associam o ataque ao grupo de hackers norte-coreano Lazarus, conhecido por ações de espionagem e ataques financeiros, frequentemente envolvendo trojans que extraem dados confidenciais.
  • Usuários afetados: Por ser utilizada em empresas e órgãos públicos de vários países, a 3CX apresentava um potencial de danos muito elevado. Estima-se que centenas de milhares ou até milhões de sistemas possam ter sido comprometidos.

Impacto:

  • Roubo de dados: O objetivo primário dos invasores era capturar informações sensíveis, credenciais de login e registros de comunicação.
  • Danos à reputação: A 3CX precisou agir rapidamente para restaurar a confiança. Patches e alertas de segurança foram divulgados em curto prazo. Ainda assim, muitos clientes ficaram abalados, pois confiavam em um instalador verificado oficialmente.

O caso 3CX ilustra a sofisticação dos grupos de hackers ao explorar vulnerabilidades na cadeia de suprimentos de software e como mesmo serviços de comunicação amplamente usados podem se tornar porta de entrada.

Stuxnet (2010)

Embora seja um caso mais antigo, o worm Stuxnet é um exemplo marcante de ataque sofisticado à cadeia de suprimentos — muitas vezes descrito como a primeira ciberarma do mundo:

  • Objetivo: O Stuxnet tinha como alvo os sistemas de controle da Siemens (SCADA) usados no programa nuclear do Irã, em especial as centrífugas de enriquecimento de urânio.
  • Método de ataque:
  • Infecção via USB: Como a rede era isolada (air-gapped), ela não podia ser atacada diretamente pela internet. Um pen drive infectado entrou na rede interna, provavelmente levado por técnicos externos ou funcionários desavisados.
  • Exploits de dia zero: O Stuxnet explorou diversas vulnerabilidades até então desconhecidas (zero-day) no Windows, permitindo que se disseminasse de forma despercebida e manipulasse especificamente o software Step7 da Siemens.

Funcionalidade:

  • Sabotagem: O Stuxnet alterava secretamente a velocidade de rotação das centrífugas, enquanto o software de monitoramento exibia valores aparentemente normais. Assim, as centrífugas sofriam danos sem que o problema fosse imediatamente detectado.
  • Contexto: Pesquisadores acreditam que tenha sido uma operação conjunta dos EUA e de Israel para atrasar o programa nuclear iraniano.

Significado:

  • Marco na segurança de TI: O Stuxnet foi o primeiro caso amplamente divulgado em que um ataque cibernético visava, de forma deliberada, sabotar equipamentos industriais.
  • Aprendizado: Esses eventos resultaram em um impulso significativo no desenvolvimento de medidas de proteção para sistemas de controle industrial (ICS), pois ficou claro que até mesmo instalações altamente especializadas e supostamente isoladas podem ser vulneráveis.

Embora o Stuxnet não tenha sido introduzido por meio de atualizações de software convencionais, ele demonstra exemplarmente como um ataque pode começar “dentro da cadeia” — neste caso, por meio de uma mídia física infectada.

Outros casos (Target, NotPetya, CCleaner, etc.)

Ataques à cadeia de suprimentos podem afetar praticamente qualquer setor. Três exemplos ilustram a amplitude desse problema:

Target (2013): A grande varejista norte-americana Target sofreu uma enorme violação de dados quando criminosos roubaram credenciais de acesso de um fornecedor externo de HVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado). Com esse acesso privilegiado, obtiveram 40 milhões de registros de cartões de crédito. A confiança dos clientes foi profundamente abalada, e a Target teve custos elevados para indenizações e melhorias de segurança.

NotPetya (2017): Esse malware se apresentava como ransomware, mas era na verdade um wiper destrutivo que excluía dados de forma irreversível. Propagou-se por meio de uma atualização do software de contabilidade ucraniano MeDoc, causando prejuízos bilionários em nível global. Empresas como Maersk e Merck foram duramente afetadas, chegando a ter que reconstruir suas infraestruturas de TI do zero.

CCleaner (2017): Invasores comprometeram o ambiente de desenvolvimento da Piriform (posteriormente adquirida pela Avast), injetando malware no instalador oficial da popular ferramenta de limpeza CCleaner. Milhões de computadores foram afetados globalmente. Os invasores tinham como principal alvo grandes empresas de tecnologia, onde ativavam uma segunda fase do malware (espionagem seletiva).

Esses exemplos mostram que ninguém deve se sentir totalmente seguro. Varejistas, instalações industriais ou desenvolvedores de software — qualquer elo na cadeia de suprimentos pode ser o ponto de partida para um ataque.

3. Por que os ataques à cadeia de suprimentos são tão perigosos?

Ataques à cadeia de suprimentos representam uma ameaça enorme e frequentemente têm consequências de grande alcance. Eis os principais motivos:

  • Danos em larga escala: Um único ataque pode afetar milhares de clientes e milhões de usuários finais — especialmente se envolve um software amplamente utilizado.
  • Exploração da confiança: Medidas de segurança convencionais são contornadas porque o componente mal-intencionado (por exemplo, uma atualização assinada) parece legítimo.
  • Dificuldade de detecção: Como a infecção chega por canais oficialmente certificados, as portas dos fundos podem permanecer ocultas por meses.
  • Consequências duradouras: Uma vez comprometidos o hardware ou o firmware, pode ser extremamente difícil corrigir a situação. Em alguns casos, o problema persiste até mesmo após a reinstalação do sistema operacional.
  • Ampla superfície de ataque: A globalização e a alta interconexão aumentam continuamente a complexidade e a quantidade de elos em qualquer cadeia de suprimentos.

4. Como você pode se proteger?

Nem as empresas nem os usuários comuns podem se dar ao luxo de ignorar os riscos em suas cadeias de suprimentos. No entanto, há várias práticas consagradas que podem reduzir substancialmente a probabilidade de um ataque:

  1. Escolha cuidadosa e verificação de fornecedores: Auditorias de segurança, certificações e padrões obrigatórios devem fazer parte dos contratos com os fornecedores.
  2. Princípio do menor privilégio: Terceiros só recebem o nível mínimo de acesso realmente necessário, e esse acesso é estritamente monitorado.
  3. Proteger a cadeia de fornecimento de software: Verificar integridade e autenticidade das atualizações, usar somente fontes oficiais e realizar revisões de código.
  4. Software Bill of Materials (SBOM): Documentar todas as bibliotecas e componentes para identificar e corrigir rapidamente quaisquer vulnerabilidades surgidas.
  5. Monitoramento ativo e aplicação imediata de patches: É crucial detectar atividades suspeitas cedo (monitoramento) e manter todos os sistemas atualizados, incluindo o firmware.
  6. Plano de emergência e capacidade de resposta: Um plano de resposta a incidentes reduz o dano caso um ataque seja bem-sucedido. Seguros cibernéticos também podem mitigar riscos financeiros.

5. A abordagem da Protectstar: Supply Chain Risk Management (SCRM)

A Protectstar tem plena consciência da crescente ameaça representada pelos ataques à cadeia de suprimentos. Por essa razão, implementamos nosso próprio Supply Chain Risk Management (SCRM), que abrange todas as etapas de desenvolvimento e integração de produtos. Saiba mais em nosso artigo (em inglês):
https://www.protectstar.com/pt/blog/supply-chain-risk-management-scrm-why-its-indispensable-for-your-security

Nossa abordagem se baseia em vários princípios centrais:

  • Verificação minuciosa de cada componente: Nenhuma biblioteca ou módulo externo é integrado aos nossos produtos sem passar por rigorosas verificações de segurança (revisões de código, auditorias, testes de penetração). Um SBOM garante que possamos responder de imediato a vulnerabilidades recém-descobertas.
  • Conformidade com padrões de segurança reconhecidos: Seguimos estritamente as diretrizes do NIST (por exemplo, SP 800-161 para gestão de riscos na cadeia de suprimentos) e a norma ISO/IEC 27036 sobre relações seguras com fornecedores. Também adotamos as recomendações da OWASP para desenvolvimento seguro de software.
  • Auditorias e certificações regulares: Vários de nossos aplicativos receberam a certificação DEKRA MASA L1, e instituições renomadas como a AV-TEST têm premiado nossos apps de segurança repetidamente. Cada alteração de código é documentada com transparência e avaliada.
  • Melhoria contínua: Utilizamos modelos de IA autossuficientes (Antivirus AI, Firewall AI) para detectar ataques do tipo zero-day ainda na fase inicial. Com uma taxa de precisão superior a 99,8% e praticamente nenhum falso positivo, oferecemos uma proteção em camadas, complementada por soluções como Anti Spy e o app de exclusão de dados iShredder.

Com essa combinação de medidas, garantimos uma cadeia de segurança integral, desde a primeira linha de código até o download final pelo usuário. Assim, qualquer vulnerabilidade em potencial é identificada e eliminada antes mesmo de chegar aos nossos clientes.

6. Conclusão

Nos últimos anos, os ataques à cadeia de suprimentos se tornaram uma ameaça considerável. De atualizações de software manipuladas a componentes de hardware comprometidos e até pendrives USB que instalam malware em ambientes supostamente seguros: os invasores exploram a confiança inerente às relações de fornecimento. As consequências podem ser devastadoras, afetando não apenas organizações isoladas, mas setores inteiros e até autoridades governamentais.

Apesar disso, não estamos completamente indefesos. Uma estratégia sólida de Supply Chain Risk Management pode reduzir substancialmente o risco de ataque. Os pontos-chave incluem verificação cuidadosa de fornecedores, controle criterioso de privilégios, detecção e correção rápidas de vulnerabilidades, além de um plano de resposta a incidentes bem estruturado.

A Protectstar demonstra como pode ser uma estratégia de segurança totalmente integrada: por meio de processos de testes rigorosos, auditorias contínuas, adesão a padrões internacionais e uso de tecnologias de IA de ponta, garantimos que os invasores não encontrem brechas para se estabelecer. Em uma época em que as ameaças digitais estão cada vez mais sofisticadas e difíceis de detectar, esse nível de cuidado se torna indispensável.

Aqueles que seguem esses princípios constroem um “anel de defesa” sólido — protegendo sistemas, dados e processos de negócios contra um dos vetores de ataque mais perigosos da atualidade. Dessa forma, atualizações confiáveis continuam realmente confiáveis e, caso surja algum elo fraco na cadeia digital, o dano pode ser contido rapidamente ou até mesmo evitado por completo. Em última análise, essa postura proativa e holística é o que faz a diferença entre segurança e vulnerabilidade em um mundo interconectado.

Este artigo foi útil? Sim Não
5 de 5 pessoas acharam este artigo útil
Cancelar Enviar
Back Voltar