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Zoom: Por que precisamos de regulamentação

Zoom: Por que precisamos de regulamentação
Agosto 15, 2023

O campo da tecnologia tem evoluído em uma velocidade vertiginosa. Embora o mundo digital traga inúmeras oportunidades e conveniências, também apresenta muitas preocupações sobre a privacidade do usuário e a proteção de dados. O recente escândalo com o Zoom é um lembrete claro de por que a supervisão regulatória não é mais apenas desejável – é imperativa.
 

Em março de 2023, o Zoom, uma plataforma de videoconferência que teve crescimento exponencial durante a pandemia, atualizou significativamente seus Termos de Serviço. A atualização declarava explicitamente que a empresa poderia treinar seus algoritmos de inteligência artificial usando dados dos usuários. Isso, compreensivelmente, alarmou muitos usuários. Para agravar as preocupações, os termos não ofereciam nenhuma cláusula de exclusão. Ao usar a plataforma, os usuários estavam implicitamente concordando que suas conversas poderiam ser usadas como material para aprendizado de máquina potencialmente.
No entanto, em agosto de 2023, o Zoom tentou aliviar os receios afirmando em um post no blog que os usuários não deveriam ficar ansiosos com essa disposição. Segundo executivos do Zoom, a empresa não tem planos de utilizar chamadas de vídeo para treinamento de IA sem permissão explícita dos usuários. Ainda assim, a dissonância entre essa promessa e o que está escrito nos Termos de Serviço é tanto palpável quanto preocupante.

O que é ainda mais inquietante é a fluidez inerente a esses termos. Os Termos de Serviço, por sua própria natureza, estão sujeitos a mudanças. Enquanto hoje o Zoom afirma que não explorará os dados dos usuários, amanhã, influenciado por pressões de mercado ou motivos de lucro, a empresa pode revisar sua posição. Assim, os usuários ficam à mercê da promessa de uma empresa, que é tão frágil quanto volátil.
 Confiar na boa vontade das corporações para proteger os direitos dos usuários e a privacidade dos dados é, para ser franco, uma estratégia precária. As corporações, especialmente as com fins lucrativos, são movidas pelo valor para os acionistas e lucros. Embora muitas empresas busquem operações éticas, sua responsabilidade principal é com os stakeholders, não necessariamente com os usuários. Diante disso, é irrealista e ingênuo esperar que as empresas sempre priorizem a privacidade do usuário em detrimento de potenciais fontes de receita, especialmente na ausência de regulamentações rigorosas.

Historicamente, em qualquer revolução – seja industrial ou tecnológica – abordagens laissez-faire provaram ser inadequadas para salvaguardar os direitos do público. A premissa é simples: poder sem controle e falta de supervisão quase sempre levam a excessos. No contexto da era digital, esses excessos se manifestam como violações de privacidade, uso não autorizado de dados e uma erosão geral dos direitos digitais.

 

É por isso que precisamos de regulamentações robustas. Órgãos reguladores podem estabelecer um marco padronizado que as empresas devem seguir. Isso não apenas nivela o campo de atuação, mas também garante que os direitos dos usuários não fiquem sujeitos à natureza volúvel das promessas corporativas ou às dinâmicas de mercado em constante mudança. Além disso, as regulamentações instilam um senso de responsabilidade. Se uma empresa sabe que violar a privacidade do usuário pode resultar em pesadas multas ou ações legais, ela tende a agir com mais cautela. Tais regulamentações também empoderam os usuários. Com um marco regulatório claro, os usuários podem decidir em quais plataformas confiar e quais evitar. Eles não ficam mais à mercê de termos nebulosos ou garantias corporativas vagas.

Em conclusão, o incidente com o Zoom destaca uma questão mais ampla que vem fervendo no mundo da tecnologia há algum tempo: a necessidade urgente de supervisão regulatória. À medida que a tecnologia se torna cada vez mais entrelaçada com nossas vidas diárias, devemos defender estruturas que priorizem os direitos dos usuários e a privacidade dos dados. Já passou da hora de reconhecermos que a regulamentação não é apenas benéfica na era da tecnologia — é uma necessidade.
 

Fontes:
1) https://www.schneier.com/blog/archives/2023/08/zoom-can-spy-on-your-calls-and-use-the-conversation-to-train-ai-but-says-that-it-wont.html

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